Quando o inesperado invade nossos planos

Dia 02 de Dezembro de 2011 ficará marcado em minha memória até o fim de meus dias. Na minha memória e daqueles que se desesperaram, compartilhando comigo angústia, dor e aflição. Foram essas sensações e sentimentos que subsidiaram a invariável circunstância de experimentar a morte de um grande amigo, de não encontrar explicação, pelo menos por meios lógicos, da possibilidade de estar escrevendo esse texto sem qualquer prejuízo maior do que uma fratura do "Úmero Proximal" e de uma lesão parcial de um tendão.
A experiência que vivi, com todos os seus desdobramentos posteriores, é absolutamente impossível de ser narrada. Ela está marcada na alma como as cicatrizes que por enquanto perduram na pele. A diferença é que a alma, diferente da natureza corpórea, carrega as impressões de nossa história como chagas permanentes impossíveis de serem dirimidas pelos nossos escassos mecanismos humanos.
A única certeza é de que as relações que estabeleci e estabelecerei daqui pra frente estarão pautadas sob um substrato valorativo muito mais flexível e relativo, porém, muito mais consistente e elucidativo do que antes. A racionalidade formal, que antes ocupava lugar de destaque na composição de minha "cosmologia particular", passará a compor o leque de possibilidades explicativas de um mundo que está para se conhecer e que portanto é muito mais mistério do que luz.
A nossa existência particular, se desconectada das relações que constróem nosso ser, é inegavelmente vazia. Essa é a máxima de nossas vidas: São as contradições do nosso cotidiano particular que sintetizam como seguiremos com nossa experiência no mundo. 

E tem maior contradição do que jamais conseguir explicar aquilo que para nós se tornou tão banal: viver?

3 comentários:

  1. Que bom conseguir colocar isso para "fora".

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  2. Marcos,

    lembro-me de uma das aulas do Agenor em que ele dizia que há o racional, o lógico e o místico, o não racional, que é mistério.
    Nem tudo pode ser explicado racionalmente. E para nós isso é bem doloroso, pois estamos sempre em busca da razão.
    Partilho de seu momento de dor e confusão com solidariedade.

    Abraço,
    Tulio

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  3. Foi, e ainda é, um baque. Quanto a essa contradição, me lembrei de Wittgenstein:"Sobre o que não se pode falar, deve-se calar." Um abraço, meu velho. Te desejo paz!

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