Eu sei que faz muito tempo que eu não escrevo, mais do que o tempo de toda uma eternidade, mas...
Resolvi voltar a ativa!
Minha acidez costumeira se volta agora para um evento nomeado de SWU. Antes que alguém diga: sim eu vou! Por mais que pareça hipocrisia criticar o festival participando dele ainda acho oportuna a crítica. E, logo após a crítica, explico porque acabei cedendo e comprei o maldito ingresso.
Pois bem, o festival SWU está todo conectado com a idéia, ou melhor, com o discurso da sustentabilidade. Essa moda/discurso/prática, que sorrateiramente se incorporou à uma ideologia abrangente (uma esquerda mais "raivosa" chama de eco-capitalismo), alcança as mais variadas vertentes: desde a dos negócios até a Política, se bem que hoje em dia Política, com pê maiúsculo, se transforma em pê minúsculo justamente por se confundir de um modo grotesco com os negócios.
O conceito de sustentabilidade envolve pelo menos três dimensões: econômica, social e ambiental. Um empreendimento qualquer só pode ser entendido como sustentável se ele tiver pelo menos quatro requisitos básicos: ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Depois de salientadas essas considerações, que qualquer um podia ter lido na Wikipédia, quem acompanhou o "rebú" na web que o festival gerou sabe que o dito cujo não se ajusta totalmente com os tais requisitos. A começar pelo preço dos ingressos, e eu já poderia parar por aí: por um dia no "maior evento de sustentabilidade" eu paguei ao todo R$127,00. E esse preço é do ingresso com preço promocional e pagando meia-estudante, tá certo que estão incluídas as taxas de conveniência e de correio (é, eu comprei pela internet) mas mesmo assim, é muito para um evento que se pretende "economicamente viável" e "socialmente justo". Segundo: as empresas que patrocinam o "baguio" têm um histórico nada sustentável. Você vai querer dizer que a Nestlé é uma empresa sustentável? Aliás, eu penso que as palavras empresa e sustentável não deveriam coexistir numa mesma frase. O substantivo anula o adjetivo. Ah, vai dizer que você acredita no conto de fadas "eco-capitalista"? É só os "imperativos da sustentabilidade" ameaçarem a acumulação do Capital que a "sustentabilidade" é esquecida rapidinho. Terceiro: o "maior evento de sustentabi idade" separa o público por classes. Existe uma área premium para os "vips" e outra pro "povão". Mas, se você pensar bem, a esse preço não é tão "povão" assim. O que importa é que tem uma área para os "aristocratas" e outra pra uma galera que vai pagar o ingresso no cartão de crédito a prestação (eu por exemplo). Onde está o "socialmente justo"? A não ser que você defenda a idéia de que é "socialmente justo" haver qualquer distinção social entre as pessoas, mas aí... é outra história com requinte sociológico que é para os sociólogos elaborarem, ainda que eu seja um estudante de ciências sociais, esse blog não quer ser o Scielo!
Mesmo estando puto da vida por ter que ficar com mais mês do que salário durante três meses pra ir um dia só, alguns fatores me fizeram ceder:
Resolvi voltar a ativa!
Minha acidez costumeira se volta agora para um evento nomeado de SWU. Antes que alguém diga: sim eu vou! Por mais que pareça hipocrisia criticar o festival participando dele ainda acho oportuna a crítica. E, logo após a crítica, explico porque acabei cedendo e comprei o maldito ingresso.
Pois bem, o festival SWU está todo conectado com a idéia, ou melhor, com o discurso da sustentabilidade. Essa moda/discurso/prática, que sorrateiramente se incorporou à uma ideologia abrangente (uma esquerda mais "raivosa" chama de eco-capitalismo), alcança as mais variadas vertentes: desde a dos negócios até a Política, se bem que hoje em dia Política, com pê maiúsculo, se transforma em pê minúsculo justamente por se confundir de um modo grotesco com os negócios.
O conceito de sustentabilidade envolve pelo menos três dimensões: econômica, social e ambiental. Um empreendimento qualquer só pode ser entendido como sustentável se ele tiver pelo menos quatro requisitos básicos: ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Depois de salientadas essas considerações, que qualquer um podia ter lido na Wikipédia, quem acompanhou o "rebú" na web que o festival gerou sabe que o dito cujo não se ajusta totalmente com os tais requisitos. A começar pelo preço dos ingressos, e eu já poderia parar por aí: por um dia no "maior evento de sustentabilidade" eu paguei ao todo R$127,00. E esse preço é do ingresso com preço promocional e pagando meia-estudante, tá certo que estão incluídas as taxas de conveniência e de correio (é, eu comprei pela internet) mas mesmo assim, é muito para um evento que se pretende "economicamente viável" e "socialmente justo". Segundo: as empresas que patrocinam o "baguio" têm um histórico nada sustentável. Você vai querer dizer que a Nestlé é uma empresa sustentável? Aliás, eu penso que as palavras empresa e sustentável não deveriam coexistir numa mesma frase. O substantivo anula o adjetivo. Ah, vai dizer que você acredita no conto de fadas "eco-capitalista"? É só os "imperativos da sustentabilidade" ameaçarem a acumulação do Capital que a "sustentabilidade" é esquecida rapidinho. Terceiro: o "maior evento de sustentabi idade" separa o público por classes. Existe uma área premium para os "vips" e outra pro "povão". Mas, se você pensar bem, a esse preço não é tão "povão" assim. O que importa é que tem uma área para os "aristocratas" e outra pra uma galera que vai pagar o ingresso no cartão de crédito a prestação (eu por exemplo). Onde está o "socialmente justo"? A não ser que você defenda a idéia de que é "socialmente justo" haver qualquer distinção social entre as pessoas, mas aí... é outra história com requinte sociológico que é para os sociólogos elaborarem, ainda que eu seja um estudante de ciências sociais, esse blog não quer ser o Scielo!
Mesmo estando puto da vida por ter que ficar com mais mês do que salário durante três meses pra ir um dia só, alguns fatores me fizeram ceder:
Rage Against The Machine
Eu não ia, mas quando confirmaram essa banda aí... Não tinha como eu não ir. Os caras nunca vieram pra América do Sul. Não to falando de Brasil não, é AMÉRICA DO SUL. Pra quem não conhece, o que é uma coisa bem difícil, vai pesquisar (odeio gente que quer tudo pronto). Uma banda que é porta-voz do zapatismo mexicano e de bandeiras sociais importantes tem extrema importância pra mim. Mesmo que o evento seja mais ou menos incompatível com a postura da banda. É Rage Against no Brasil porra!
Mesmo que a banda esteja desfigurada, (não tem nem a Rita Lee e nem o gênio Arnaldo Baptista) merece atenção por representar tanto para o rock brasileiro. Dá um pulo em Londres e pergunte sobre eles, você vai se surpreender quando perceber que por lá eles são os Beatles tupiniquins, sem exagero.
The Mars Volta
Aprecio a banda por herdar aquela pegada do At The Drive-In e ver a performance deles ao vivo é sempre uma experiência interessante.
Aprecio a banda por herdar aquela pegada do At The Drive-In e ver a performance deles ao vivo é sempre uma experiência interessante.
Los Hermanos
Los Hermanos é uma banda que faz parte da vida de muita gente. Pois é, faz parte da minha também. A diferença é que os caras tinham se separado e o hiato já durava algum tempo. Depois de retornarem e abrirem um show do Radiohead em São Paulo, os caras confirmaram alguns shows no nordeste. Depois que confirmaram a presença no SWU comecei a perceber que o meu ingresso valeu a pena, Rage Against The Machine e Los Hermanos no mesmo dia? Não é todo dia que isso acontece.
Gostar tanto de música dá nisso: você entende as circunstâncias contraditórias mas também entende que é um momento histórico pra cena musical brasileira. Que se dane a pseudo-sustentabilidade, eu não vou ter a oportunidade de viver essa experiência muscial denovo.
Gostar tanto de música dá nisso: você entende as circunstâncias contraditórias mas também entende que é um momento histórico pra cena musical brasileira. Que se dane a pseudo-sustentabilidade, eu não vou ter a oportunidade de viver essa experiência muscial denovo.
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