O balanço do #StopSOPA #SOPAblackoutBR

Dando uma pausa nas reflexões de faculdade, este post vem fazer um pequeno balanço do que foram as manifestações dos ativistas que lutam por uma Internet livre. Longe de querer mapear a capilaridade do movimento, de alcance global, pelo menos vamos tentar elencar alguns resultados importantes dessa batalha que já se desdobra em outras prerrogativas: o fechamento do site de compartilhamento de arquivos Megaupload - que configura flagrante retaliação ao movimento - e os ataques coordenados às instituições americanas, como resposta a essa medida.

Ciberativistas fazem eco na luta contra Projeto de Lei
As manifestações contra as leis americanas Stop Online Piracy Act e Protect IP Act, com certeza entraram para a história da resistência dos ciberativistas de todo o mundo. 


Fala-se em mais de 10 mil sites no mundo todo que no dia 18 de Janeiro aderiram ao movimento e decretaram blackout. No Brasil tivemos uma lista consistente e numerosa de adeptos a paralisação. O blog Mega Não, do companheiro ativista, João Carlos Caribé, deixou a disposição durante o dia 18 de Janeiro uma lista colaborativa para que participantes incluíssem os endereços de seus sites e blogs. Este blog está lá!

Por aqui a grande imprensa noticiou a manifestação e depois o resultado.

A dicotomia real x virtual, cada vez mais, se torna inconsistente e já não faz sentido, principalmente para os nativos digitais. Como ativista, continuo acreditando ainda mais na capacidade das redes digitais de mobilizarem contigentes de protestos e de atividades políticas com resultados concretos. Tanto acredito que os resultados já podem ser verificados pela debandada dos parlamentares que apoiaram esta lei arbitrária:

Membros do Congresso americano que após as manifestações retiraram apoio ao SOPA
O fechamento do site de compartilhamento de arquivos Megaupload revelou um dado ainda mais importante para a luta por uma Internet livre: não é preciso nenhuma lei como a SOPA para fechar um site. A arbitrariedade do "Estado 'Democrático' de Direito" entra em cena quando a garantia da propriedade privada dos bens culturais e dos monopólios da indústria da itermediação, respaldados pelas leis de copyright, estão ameaçados. Esta medida, posta em prática pelo FBI, coloca em evidência seu caráter: retaliação.

A resposta dos ativistas não tardou. Os ataques de negação de serviço (DDoS) vieram de todo o planeta e fizeram com que diversos sites americanos ficassem indisponíveis. A impossibilidade de pleno funcionamento de uma infovia está se tornando um empecilho aos governos já que diversos serviços essenciais estão operando digitalmente. Outra informação, que acrescenta mais peso e legitimidade aos protestos, é que o Megaupload estaria construindo um novo modelo de remuneração que atravessaria a indústria da intermediação e do copyright e beneficiaria os próprios artistas.

Estes fatos abrem perspectivas de análises novas neste ano que se inicia. O que não há dúvida é que a disputa pela Internet, em todas as os seus campos, desde os conceituais e semânticos até a sua engenharia e infraestrutura, ganhará destaque. Alguns preconizam que nesses dias que se passaram inaugura-se um novo front de guerra, que antes já existia mas que agora oficializou-se. De fato a batalha está só no início.

2 comentários:

  1. Realmente, mano. Pra mim sempre foi bem tênue a linha entre o virtual e o real, no sentido de que, como você afirmou, podemos conseguir resultados concretos a partir de mobilizações online. Vejamos o que se desenrola nesse ano.

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  2. O Filósofo Gilles Deleuze tem uma definição interessante sobre o virtual. Para ele, o virtual não é antônimo de real, mas sim a indistinguibilidade entre o real e o irreal.
    Mais sobre esse balanço em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed682_a_sopa_esfriou_mas_ha_o_prato_principal

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