Continuando com a tímida reflexão sobre a idéia de sujeito...
DO SUJEITO AUTÔNOMO AO SUJEITO ESFACELADO
Considerando a trajetória que a idéia de sujeito percorreu desde a formulação moderna e cartesiana até os dias de hoje, cabe a nós considerarmos o processo de “pilhagem” do projeto cartesiano. Enquanto Descartes preconizava a idéia de um sujeito autônomo a partir da cisão e hierarquização da alma e corpo, tendo a alma um lugar imperativo para a compreensão do mundo, e o sujeito como algo inerte e imutável, a filosofia dita contemporânea vai por a prova todo esse substrato que dava sustentação à produção filosófica e cientifica.
Mesmo as considerações sensualistas que invertiam o esquema cartesiano não eram aceitas sem duras críticas. O que se pretendia na verdade, era esclarecer que o processo de cisão entre corpo e alma não dava conta de atribuir ao sujeito um entendimento homogêneo e que a pura inversão das hierarquias era um simples subterfúgio.
Na afirmação cartesiana, o sujeito é concebido como a inércia por excelência. O movimento não tem espaço para sua constituição, ele já é acabado, e como tal permanece durante toda a sua existência. No combate a essa afirmação, a filosofia contemporânea primeiramente destruirá a cisão entre o corpo e alma para logo mais devolver ao sujeito sua possibilidade de movimento, de algo inacabado e em constante criação e desenvolvimento. Para refutar a tese sensualista de que o sujeito é formado a partir do que se sente no mundo e, portanto a partir dos sentidos, a filosofia contemporânea desloca sua atenção aos impulsos, que transcenderá a realidade experimentada pelos sentidos.
Nietzsche, ao tomar parte nessa tarefa monumental de destruir a concepção “ultramundana” do sujeito, nos dá a possibilidade de se conceber um sujeito que está sempre a se fazer e refazer. Para ele, não há sujeito autônomo, pois este se esvanece e se fragmenta pela obra dos impulsos que brotam do corpo. Quando Nietzsche afirma que esses impulsos vivem em constante conflito e combate numa luta permanente, ele está concebendo a movimentação intensa da constituição do sujeito. Para Nietzsche, é todo o corpo que conhece e, ao desempenhar esse conhecimento a partir do conflito interno dos impulsos, torna possível fazer surgir várias configurações de sujeito. Não há cisão, é o todo da realidade vivente que fornece o arcabouço da gênese do sujeito, dessa forma o “eu” “não passa de pluralidade de afetos, multiplicidade de impulsos” (MARTON, 1998, p. 49).
Dessa nova formulação, surgem novas possibilidades de se entender a constituição de um sujeito que não é mais auto-sustentado pelo cogito cartesiano, mas que agora é um sujeito em constante formação a partir da guerra interna de seus impulsos. Esse sujeito descentrado, impossibilitado de entender o mundo somente a partir de sua racionalidade, entende que a própria racionalidade é senão, uma parte da constituição de seu “eu” enquanto constante ordenamento da guerra, dos conflitos inerentes aos seus impulsos.
Mesmo as considerações sensualistas que invertiam o esquema cartesiano não eram aceitas sem duras críticas. O que se pretendia na verdade, era esclarecer que o processo de cisão entre corpo e alma não dava conta de atribuir ao sujeito um entendimento homogêneo e que a pura inversão das hierarquias era um simples subterfúgio.
Na afirmação cartesiana, o sujeito é concebido como a inércia por excelência. O movimento não tem espaço para sua constituição, ele já é acabado, e como tal permanece durante toda a sua existência. No combate a essa afirmação, a filosofia contemporânea primeiramente destruirá a cisão entre o corpo e alma para logo mais devolver ao sujeito sua possibilidade de movimento, de algo inacabado e em constante criação e desenvolvimento. Para refutar a tese sensualista de que o sujeito é formado a partir do que se sente no mundo e, portanto a partir dos sentidos, a filosofia contemporânea desloca sua atenção aos impulsos, que transcenderá a realidade experimentada pelos sentidos.
Nietzsche, ao tomar parte nessa tarefa monumental de destruir a concepção “ultramundana” do sujeito, nos dá a possibilidade de se conceber um sujeito que está sempre a se fazer e refazer. Para ele, não há sujeito autônomo, pois este se esvanece e se fragmenta pela obra dos impulsos que brotam do corpo. Quando Nietzsche afirma que esses impulsos vivem em constante conflito e combate numa luta permanente, ele está concebendo a movimentação intensa da constituição do sujeito. Para Nietzsche, é todo o corpo que conhece e, ao desempenhar esse conhecimento a partir do conflito interno dos impulsos, torna possível fazer surgir várias configurações de sujeito. Não há cisão, é o todo da realidade vivente que fornece o arcabouço da gênese do sujeito, dessa forma o “eu” “não passa de pluralidade de afetos, multiplicidade de impulsos” (MARTON, 1998, p. 49).
Dessa nova formulação, surgem novas possibilidades de se entender a constituição de um sujeito que não é mais auto-sustentado pelo cogito cartesiano, mas que agora é um sujeito em constante formação a partir da guerra interna de seus impulsos. Esse sujeito descentrado, impossibilitado de entender o mundo somente a partir de sua racionalidade, entende que a própria racionalidade é senão, uma parte da constituição de seu “eu” enquanto constante ordenamento da guerra, dos conflitos inerentes aos seus impulsos.
Muito massa e bem escrito mano! Eu nem sabia da concepção de sujeito em Nietzsche. =]
ResponderExcluirPois é. Foi um trampo de filosofia que me tirou o sono literalmente
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